Boa noite, tenho vontade de me abrir para minha esposa sobre a vontade de sentir e de ser penetrado novamente por um pênis de verdade. Explico: – quando transamos ela sempre faz carinhos no meu ânus e às vezes me penetra com consolos que temos em casa e ainda ao meu ouvido diz coisas que me deixam alucinado como “é isso que você quer? uma pica de verdade?”, entre outras… Bem, eu adoro ser penetrado por picas da verdade mas ela não sabe… Eu acho… Tenho vontade de revelar a ela as inúmeras vezes em que fui uma verdadeira fêmea para outros homens. O que devo fazer? Me ajude!!!

LETICIA RESPONDE:

Até muito recentemente, a homossexualidade era tida como pura sem-vergonhice e grave desvio de conduta moral. Qualquer pessoa que desejasse sentir prazer, transando com indivíduos do mesmo sexo, estaria sujeito a terríveis sanções por parte da sociedade. A rigor, ainda é assim em muitas partes do mundo, como você deve saber.

Entretanto, as coisas mudaram e continuam mudando muito, de uns 15 anos para cá. De tal forma que em muitas partes do mundo, a homossexualidade foi descriminalizada (ou seja, não é mais crime ser homossexual) e desmedicalizada (ou seja, não é mais tida como doença, nem física, nem mental).

A única coisa que ainda permanece viva é a tradição de que macho tem que ser macho, o que inclui evidentemente transar apenas com mulheres. O problema é que nem todo macho nasce com orientação heterossexual. Segundo os estudos científicos mais recentes, estima-se que 10 a 15% da população de machos nasce com orientação homossexual. Mais uns 10 a 15% nascem com orientação hetero e homossexual, ou seja, são bissexuais.

Pelo seu perfil, é bem provável que você tenha orientação bissexual, ou seja, goste de transar tanto com mulheres quanto com homens. Como também pode ser que você tenha orientação apenas homossexual mas, preocupado em atender as exigências das “tradições”, contraiu matrimônio a fim de dar satisfação à sociedade e manter-se à salvo, dentro das aparências.

Qualquer que seja a sua orientação sexual, quero lhe dizer que ela é normal e é legal. Você não precisa manter-se refém do seu próprio desejo, nem envergonhar-se, nem desesperar-se por querer buscar a forma de prazer com a qual o seu corpo realmente se satisfaz.

A única questão que eu sempre levanto, no caso homossexuais ou bissexuais casados, é a necessidade de buscarem, o quanto antes, um diálogo franco e honesto com suas esposas.

Vida a dois requer confiança e intimidade absoluta entre os parceiros e questões envolvendo a sexualidade do casal, quando omitidas pelas partes, poderão minar a relação de modo incontornável e definitivo. Portanto, o melhor que você faz é preparar-se para revelar à sua esposa, o mais cedo possível, esse seu desejo por relações homossexuais, mesmo porque, pelo que você descreve, é muito pouco provável que ele desapareça por si mesmo. Ou seja, você vai ter que conviver com esse desejo com o qual, aliás, já vem convivendo há bastante tempo.

Mas esse é um assunto delicado que exige muita preparação da sua parte. Antes de mais nada, é preciso reconhecer e aceitar a sua orientação sexual predominante. Pode ser até mesmo necessária a ajuda de um profissional da área psi. Não hesite em busca-la se sentir que está difícil encontrar sozinho uma solução.

Quanto à sua mulher aceitar ou não a sua orientação sexual, essa é outra história que, evidentemente, só diz respeito a ela. Tal como você, ela também é livre para decidir fazer o que julgar melhor para ela.

O que eu gosto sempre de lembrar, para pessoas que, como você, mantêm relacionamento sexual fora do matrimônio, é da necessidade de se resguardar tomando os cuidados necessários na hora do sexo (leia-se camisinha), a fim não apenas de se proteger, mas também de proteger sua esposa que, num descuido seu, pode ser desnecessariamente contaminada por alguma DST.